Artigo de André Soares - 23/04/2018
Quem
não gosta de um “ombro amigo” para chorar as mágoas e frustrações nos
momentos difíceis da vida? Quem nunca fez isso? É tão bom, não é mesmo?
Pois, recomendo que se pare urgentemente com isso. Parar com o “ombro
amigo”? Não! Pare de chorar mágoas e frustrações! Mas, por que? Se é tão
bom e faz tão bem? Exatamente porque, ao contrário do que se imagina,
chorar não é tão bom e, sistematicamente, faz muitíssimo mal.
É
evidente que o ato de chorar é inerente à vida, pois tem o papel
benéfico de aliviar a dor e o sofrimento emocional e espiritual, quando
do limiar do enfrentamento dos momentos difíceis e insuperáveis, como a
perda de um ente querido, por exemplo. Portanto, nessas circunstâncias,
obviamente que chorar faz bem ao indivíduo, atuando como um remédio
natural. Todavia, assim como os remédios têm efeitos colaterais
indesejáveis, chorar também tem. E são péssimos porque perigosos.
Perigosos
porque lembremos que todo remédio é efetivamente uma droga. Assim, o
ato de chorar é uma “droga” que deve ser administrada ao paciente
somente quando for “irremediavelmente” necessário, mesmo assim nas doses
mais baixas, restringindo-se aos mínimos episódios possíveis. Isso
porque seu efeito é “tóxico” e acumulativo na “psiqué”, induzindo
progressivamente o indivíduo à dependência psíquica; de forma idêntica
às pessoas que adquirem dependência por remédios farmacológicos. E esse é
o mal que acomete aqueles que adoram procurar um “ombro amigo” para
chorar suas mágoas e frustrações, notadamente as mulheres. Pois, assim,
vão ficando progressivamente mais dependentes da “droga” chorar, num
ciclo vicioso.
Vale
ressaltar ainda outro aspecto negativo. Porque, diferentemente dos
remédios que curam, chorar é apenas um remédio paliativo de efeito
momentâneo. Porque chorar não “cura” nenhum problema, nem resolve
absolutamente nada quanto às causas desencadeantes da dor e do
sofrimento vivenciados. Somente os alivia temporariamente, nada mais.
Todavia,
atualmente, a humanidade navega em direção contrária, especialmente no
mundo ocidental, no qual se dissemina a cultura da exaltação do ato de
chorar, sugestionando-se a sua prática como benéfica à saúde, para o
extravasamento de angústias, estresse, ansiedade, fobias, bipolaridade,
depressão, assédio moral, “bullying”, síndrome do pânico, e todo o
interminável coquetel de doenças e transtornos mentais que caracterizam a
epidemia do “mal do século” que aflige o mundo.
Consequentemente,
vivenciamos o contexto em que uma grave epidemia inaugurou outra. Isso
porque a epidemia do “mal do século” está acarretando a “epidemia do
choro”, que vem contaminando duplamente a todos e progressivamente o
universo masculino. Assim é que as pessoas estão ficando psiquicamente
mais fracas, fragilizadas e “choronas”, tornando-se incapazes de
enfrentar e superar por si mesmas as adversidades da vida, ante até
mesmo às dificuldades mais brandas e triviais do cotidiano. Portanto, o
cenário prospectivo da epidemia do “mal do século” é fortemente
pessimista, tal qual já foi previsto pela Organização Mundial de Saúde
(OMS), que sinaliza que se tornará, até 2030, a patologia mais
prevalente no planeta, à frente do câncer e algumas doenças infecciosas.
Contudo,
a primeira boa notícia é que há solução para esse cenário tenebroso.
Qual é? Resposta: ser forte. Evidentemente que ser forte não é fácil,
nem mesmo para os fortes. Pois requer um esforço permanente de vida no
desenvolvimento de vários atributos. E
a segunda boa notícia é que há uma vacina natural para se tornar forte,
que fortalece nosso sistema imunológico para o enfrentamento das
adversidades da vida: a “vacina dos fortes”.
Como
a “vacina dos fortes” opera? Ora, exatamente como todas as vacinas:
inoculando no organismo, em doses controladas, a própria doença que se
quer combater. Destarte, as doses iniciais da “vacina dos fortes”
consistem em fazer o paciente parar de chorar por questões efêmeras e,
principalmente, parar de ter pena de si mesmo. A partir daí, suas doses
subsequentes inocularão no seu organismo doses controladas e crescentes
de adversidades da vida, para serem corajosamente enfrentadas e vencidas
pelo paciente. É lógico que, na “vacina dos fortes”, assim como em toda
vacina, é natural que o paciente sofra alguns efeitos colaterais, como
cansaço, desânimo e até mesmo “febre”, por exemplo. Mas tudo isso será
passageiro, conquanto excepcionalmente os mais debilitados possam
necessitar de um acompanhamento especializado.
De
toda sorte, o resultado final é que, a cada dose de adversidades
progressivamente mais intensas inoculadas pela “vacina dos fortes” e
vencidas pelo paciente, seu sistema imunológico fica mais fortalecido
para sobreviver a elas, até mesmo ante aos graves infortúnios da vida. A
única diferença é que a “vacina dos fortes” não está disponível em
postos de saúde e não é vendida nas farmácias, como as vacinas em geral .
Pois, como ela é natural, está disponível somente dentro de cada
pessoa. Como despertá-la? Resposta: Lutando. E a primeira vitória é
parar de chorar e se lamuriar.
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